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terça-feira, 23 de novembro de 2010

ml

 

 

Amo o cheiro das ilusões.

como um bálsamo feito de panos úmidos cobrindo

os olhos mas nem por isso deixamos de enxergar.

É como andar dentro do abismo

e sentir os lábios frios do medo.

ah... amo o cheiro das ilusões.

Acreditamos no que não nos parece exatos

e os calafrios das incertezas passa a ser a certeza

que podamos pela manhã.

A metamorfose das ilusões é

capaz de brotar em nós

ciclones que bagunçam a tola

normalidade do dia.

Por alguns instantes não

observamos as pedras no

caminho que na verdade se

revelam espelhos onde as

células-vidraças se diluíram

nas taças da hora que corre.

Sim, amo o cheiro das ilusões.

Poetas riem e loucos debatem-se com cigarros-poemas

cheio de colicas.

Não há meio termo

dentro da poesia mas

sentiremos suas garras em

momentos diferentes.

Assim é a ilusão.

nascimento do que

foi desejado.

tragédia desacontecida, ilhas de aço

nas longínquas memórias,

Promessas de para quedas e

e seguros pisos que não estremecem.

A ilusão causa mais estrago

que a colisão de um cometa

sobre a superfície.

Flores deixam de brotar em solos

antes verdejantes e crianças

desviam do caminhos antes

prezeroso, o olhar pesa mas

não se petrifica e as mãos

passam a dormir no relento

como orfãs dos raios do sol.

Amo o cheiro das ilusões.

Seu balaio e sedutor

percurso que trasforma os

poros em portais-precipicios

e os sentidos; um viajante

que resolveu seguir os

pássaros que acabavam de aprender a voar;abrindo mão

das pegadas que o garatiam a volta para casa.

Rastro de encontro nunca acontecido.

Rastro de vendaval na palma da Mao.

Rastro de percurso pela metade do esboço de ser lugar algum

Rastro de sorriso rabiscado no lápis.

Rastro de razão cheia de paredes.

Rastro materno de preservação interior.

Rastro de contos infantis e inquietação juvenil com estrelas úmidas debaixo da cama do olhar.

saio do poema seguindo a mão oculta que guia até as extremidades...

o mundo grita do outro lado da rua

 

 

"acorda!!! poeta!"

 

ah...amo o cheiro das ilusões.

 

 

 

João Leno Lima

Set/2010

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