AQUILO QUE ME ASSOLA

sábado, 25 de dezembro de 2010

À Sokurov

Por vezes asola-me a certeza que vou perder alguém.

Caminhos uma vez cruzados,

por uma continua margem de passeio

verticalidade de um trem interno

passando pelas paisagem mais escondidas de nós.

A certeza que perderemos o contato

com os seres que amamos em certa altura da existência

desmorona-me em chamas.

Corro como uma alucinação de mim mesmo,

A morte, com sua flecha certeira

levará para bem longe o toque das mãos,

não sairemos desse delírio de ser

sem a dor da perda em estado do bruto,

corações e mentes parecem afiados punhais ponte agudos

dilacerando essa possibilidade real,

longos tratados e sublimes mapas tentam desvendar os passos

mais a frente agregamos em nós

certezas mais solidas que as rochas,

razoes e propósitos mais profundos que os oceanos,

solidão de escolher a melhor cratera de verdades,

precisamos progressivamente esquecer

que perderemos um dia o contato com o mundo.

 

Perderemos o toque carinhoso no rosto da mãe e do pai

perderemos o abraço amigo e confissoes de amor,

perderemos até aquilo que nos parece insignificante

como o olhar para os pássaros e uma chuva passageira,

estamos preparados para sermos

esquecidos pelos vendavais do tempo?

aceitaremos com prazer e cordialidade

os rituais do nosso esquecimento?

 

e ainda pior...

esqueceremos com louvor e paz a perda irreparável do outro?

a perda...

é quando voltamos a ser criança

e olhamos para nós mesmos

pedindo abrigo...

 

 

 

 

 

João Leno Lima

25-12-2010

S/Título

46

 

 

A realidade não permite fantasia,

mas se invertamos?

Aos poucos as teias do mundo

darao circulos tao gigantescos

que quebrará o pescoço da matéria lúcida.

Ninguém brotará da terra com cajados cósmicos

Nenhuma cidade descerá da oculta realidade.

O concreto é a criança do presente

rompendo bruscamente com as mãos-laço da realidade selvagem

O concreto é o papel encantado sendo banqueteado pela assassinidade,

O concreto é a mordaça na boca da alma

O concreto é o lúdico

O concreto sou eu!

A realidade parte de mim

de outras realidades formam

o dialogo.

DESMORONA SOBRE A MIM O DESENCANTO

-faça silêncio caro leitor

e ouça meu grito que não podes decifrar jamais.

A realidade não permite fantasia,

mas se invertamos?

 

 

 

 

 

João Leno Lima

25-12-2010

Marituba - Longa e Tenebrosa Estrada

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

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Velho/Novo ginásio de Esportes jamais terminado

Para uma cidade montada na beira da estrada e para alguns quilômetros de Belém, Marituba parece um amontoado de casas mal construídas (digo sem planejamento) que vao despontando rumo ao futuro caótico onde o poder público é refém de seu próprio amadorismo e ganância.

Desde da sua emancipação a cidade pouco andou para frente, aliás, nesse sentido, retrocedeu. Já teve estádios de futebol (amadores) belos igarapés, cinema e cines teatro além da estrada de ferro. Hoje dominada pela falta de infra estrutura em hospitais públicos, pela ausência de uma politica que traga alternativas de emprego para uma população que vive da informalidade ou trabalha na capital e a falta de apoio a cultura (sem a mascarada postura elitista de selecionar apenas os “seus”) além disso, outra grave problema que não é exclusivo da cidade assola…Drogas.

Marituba já é vista como uma das mais violentas cidades da região (claro a imprensa transforma isso num espetáculo midiático) e seus dependentes químicos se esbarram pelas ruas pouco iluminadas a procura de poucos trocados ou de vítimas casuais para furto de objetos a serem trocados nas instituições capitalizadas para isso.

Se por um lado o cenário é desolador (e é) Marituba tem desdá sua existência um vocação para as artes. Grupos de teatro, bandas, grafites, grupos de poesia e carimbó fazem parte da história da cidade e pauta sua relevância no cenário metropolitano. Em meio ao descaso do estado a arte transborda nos bueiros abertos e onde reina a corrupção mistura-se longas caminhadas de seus artistas marginais por conveniência.

Nesse ponto, Marituba vive um contraste invisível. O incentivo a cultura é vazio e pouco dialogia com a vanguarda e suas reflexões (não se pode esperar outra coisa do estado) e a dita “vanguarda” parece pouco disposta a se organizar para retomar seu espaço. Um dilema sempre revisto nas “mesas” de discussão underground que parece durar a eternidade.

A verdade é que sem o apoio do poder público os movimentos da cidade tendem a se esvaziar de ações, o que deveria ser ao contrário, sabendo que o poder do estado tem interesses superficiais em relação a arte e sua parcela fica na esfera do entretenimento e não é de sua vocação qualquer ruptura com a máquina capitalista; os movimentos na cidade deveriam se unir, em coletivos e movimentos de ação e estudo (algo que soa acadêmico se você apenas quiser teorizar mas que é fundamental para a estrutura do argumento das ações) e  estudar (com projetos, ações coletivas, oficinas, performances, panfletagem, rádio, internet etc.....)  uma maneira de se inserir no campo social e  para a melhoria da vida das pessoas naquilo que cabe ao artista, levar sua arte e fazer que ela ajude no processo de humanização e integração da pessoa com ela mesma ao ponto que ela se liberta dos grilhões da mídia televisiva, da propaganda, da força politica desdenhosa com os assuntos de interesse mútuo, com os traficantes e suas vidas cheio de luxo em nome da desgraça de famílias, dos jovens envelhecidos pela sua própria ausência de sentido em viver um uma cidade que pouco se importa com o ser humano e onde a banalização da vida é so reflexo do mundo em que vivemos hoje.

Cabe a todos o amadurecimento para encontrar a razão de existir de uma cidade que pode melhorar se as pessoas acreditarem nelas mesmas, nas pessoas ao redor que podem ajudar e no futuro. Sem isso, viver em Marituba pode se tornar insuportável.

 

João Leno Lima

21-12-2010

Videopoema: Multipla Incógnita

sábado, 11 de dezembro de 2010

 

Videopoema  João Leno Lima

(des) valorização

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

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Por: João Leno Lima

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Toda a obra de arte têm por tras dela um artista e todo esse artista recebe ao ser chamado sua obra de uma “obra de arte”um voto de confiança. Uma espécie de acordo de sentidos onde você passa a acompanhar direta ou indiretamente esse artista ou simplesmente apenas aprecia sua obra (única ou diversa).

 

Então a arte também é acreditar.

 

Se não no artista mas pelo menos no trabalho em si. Mas será que se eu não acreditar ou não “ver” como verdadeira a postura de algum artista ou simplesmente não concordar que tal pessoa seja um “artista” será que vou, mesmo assim olhar para seu trabalho e dizer “é uma obra de arte” ?.

Numa cidade onde a abudância de pessoas ligadas à arte é visível e até empolgante. Onde músicos, grafiteiros, poetas e artistas de rua diversos saltam aos olhos em todas as direções, um grande dilema ainda precisa ser superado, isso não apenas relacionado ao aspecto artististo mas sim cultural também…

 

A valorização do artista local.

 

E não falo no âmbito clássico como de um artista ir para fora do estado, lá ser “reconhecido” pela grande mídia e voltar para casa celebrado como um ídolo. Falo em relação a valorização das próprias pessoas envolvidas com arte/cultura que não valorizam ou na pior das hipoteses nao ACREDITAM No seu companheiro como artista.

 

Se a desconfiança mútua parece permear as relações dos movimentos em Marituba, ela passa a ser fundamental para a desorganização e o soterramento de idéias que por ventura podem vim a surgir. Se o olhar desconfiado e a falta de apoio permanece atralado ao sorriso amarelo do eufemista elogio, ela descamba para uma relação onde o artista precisa, ou fazer uma arte populista e que dialogue sem qualquer exposição de pensamentos libertários e apoiada no reciclamento de idéias e na aceitação essencial para sua permanencia como “artista” ou ele faz “arte” para si mesmo e mesmo a mal gosto apenas para buscar ACEITAÇÃO DO OUTRO ARTISTA.

 

Com a desvalorização e consequentemente o desgaste da exposiçao entre as próprias tribos (isso passa pela ignorância, intolerância, desprezo, inércia, ego, orgulho, inveja, e a imaturidade para lidar com as diferenças naturalmente existentes) o artista da cidade arrasta-se pelas vielas de ações fechadas, festanças informais ao ar livre, não há espaço para a canção libertária, para o poema embreagado, para o grafitte enlouquecido, para o aplauso não do artista mas do fato de pensar e sentir o mundo. Em outras palavras, se os artistas da cidade paracem apenas se tolerando entre si, esquizofrenicamente tão pouco parecem interessados no público.

 

Será o mundo?

 

O mundo, sua forma doente dos tempos atuais afeta o tupiniquim movimento pela espaço onde o que será exposto é o que vem de fora como a “melhor” forma de fazer as coisas? Será o artista refén dos clichês da arte como forma de buscar a valorização? Ou ainda, No final das contas, será que apenas o que é feito lá longe, por um ser desconhecido de outro planeta é melhor que qualquer poema feito nas pernas de algum poeta que resolveu expor sua eternidade em algum canto da cidade suja.

A arte em Maritruba, mesmo vasta, ainda precisa daquelas que acreditem nela e em quem a faz. Até então, a ridicularização, a postura diminuista, as falas fora de hora na leitura de um poema, a investigação em busca da “verdade” absoluta, como se expor uma obra de arte fosse como colocar o pescoço na guilhotina e a condenação fosse tentar ser artista. Como se esse fosse uma entidade absoluta que só pode ser vista nos filmes ou na televisão.

 

O Acreditar passa por vários estágios. O acreditar cego remete a ingenuidade ilusoria mas o acreditar como parte essencial da sensibilidade é fundamental se se pretende sair do lugar algum dia e ser parte de um precesso de integração com o público e braço fundamental no resgarte do artista e o mundo dentro de sua realidade. No final das contas, busca-se mais “aceitação” do que  libertação. E nesse sentido, essa “recipocra” aceitação ainda parece um longa caminhada para os artistas da cidade.

E o público aguarda (inconscientemente) ansioso pelo diálogo, dispostos (ele sim) a ACREDITAR.

LUNÁTICA

30 de outubro de 2010

 

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O meu coração relicário,

Guardou em meio à bagunça de estrelas

A imagem dos teus olhos de luas,

Minguantes pedras sisudas

Que como em uma pintura de Modigliani,

Os olhos são de abertos traços vagos, ébrios, boêmios e pagãos.

E após encontrá-los perdidos em mim

E fitá-los outra vez como uma criança ou um ser sem defesa,

Decidi jurar-lhe que eternamente, contaria as vagas fases de forme e cor,

Dos teus olhos de luas.

Para que penosamente possa ganhar

Ao menos uma vez em um mês,

A noite inteira, de uma lua cheia, de teus olhos plácidos.

E terei então o noturno gozo de te ter a fitar-me...

Com a luz dos olhos teus.

Samara Pinto.

Folder – Fragmento Invisível

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João Leno Lima

Folder – Boletim Necrófilo

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João Leno Lima

Pela Mídia Invisível

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

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Por: João Leno Lima

 

 

Quem sabe um “jornal invisível” ?

 

Mídia tática mais que uma alternativa para uma gama de informações cada vez mais falseadora e manipuladora é uma alternativa dentro da própria sufocação da verdade que é síntese do estado de coisas do nosso mundo.

 

Os ultimos acontecimentos com o WikiLeaks e os jogos politicos e acusação de manipulação de vários institutos de pesquisa na última eleição no país mostram que se tem alguem em quem confiar, a mídia não é esse “alguém”.

 

Dominada por interesses corporativos, publicidade selvagem em nome do consumismo como base da felicidade de uma sociedade doente nos soterra e com pouco ar e pouca luz somos submetidos a verdade “oficial” ditada por governos cada vez mais dispostos a falsear a democracia, uma democracia conveniente ao bolso-buraco negro do capital.

 

Obvio? elemantar?

 

Negativismo e factoides espetaculares (como a verdadeira sociedade do espetáculo) pulam de dentro das páginas dos jornais. O mundo múltiplo se encarna cada vez mais nocivo, mais letal, o estado cada vem atuando com mãos fortes as pessoas cada vez mais refens do invisível, da esquizofrenia do amor e do sexo, da pertubadora obrigação de ter que “vencer” o “sucesso” é fundamental para a leitura de um bom cidadão, so quem fica para tras é aquele incapaz de acompanhar os processos. Não há questionamentos, não há tempo para dúvida, anarquismo psiquico ou comida na mesa? filosofia ou curriculo em todas as empresas?. Mão de obra barata ou falta de computador para falar com os amigos indefesos do outro universo? ordem? bopes estabalecendo a “segurança nacional”? terrorismo de um estado de ditadura inosciente. E o homem, ser selvagem  por natueza e capaz de romper e se recriar por natureza é uma criança enjaulada no circo do poder.

 

Mas, como disse no começo, quem sabe um “jornal invisível” ?

Mídia terrorista-subliminar, noticiais que interessem ao mundo mágico dos loucos, vulgo, TODOS, matérias quem iludam, não com mentiras mas com verdades indemostráveis (a ciência e os materialistas brandam! útopico!) mas  o Jornal invisível nao se calará, mostrará, não seu próprio interesse, mas a ironia do que é o “interesse maior” ruas abandonas e obras inacabadas? e o que é mais ironico…Nada é importante.

 

Anaco-notícias em forma de poesia e sangrando e expulsando a sede, sim, a sede pelo nagativismo ( basta abrir os cadernos policiais e verá a banalização da vida e das relaçoes humanas)  Ilusão de ótica? falacias cotidianas?. Mas se nada é importante porque iriamos nos importar em sermos fieis a “realidade”. Assumimos que há múltiplas realidades e dentro delas respeitamos que o ser humano deve ler-ser-viver-agir conforme sua selvageria espiritual não-entubada pela publicidade, a imposiçao em nossas crianças pela ultra tecnologia vazia, pela febre dos descontos daquilo que realmente não precisamos. Mas, o que precisamos? o ser humano, o ser mais inquieto da via lactea precisa aprender a ser livre. Nas escolas, nos parques, nos onibus ou no banheiro de casa, o exercicio de pensar por si mesmo deve ser retrabalhado para as próximas gerações. Outras sistemas, outras alternativas de mídia, a anarquia não como fobia implantada para chama-la de desordem. Mas como uma lei da dualidade humana em sua plenitude.

 

O Jornal invisível mostrará o que aqueles que contam o seu lado da história, digo, o lado “oficil” não querem mostrar. O sonho, o utopico, o ludico, o iracional, o anarquico, o livre, até a mais sincera liberdade de apenas gritar para ninguem ouvir ou como diz o poeta:

 

PARA QUE TODOS OUÇAM MEU SILÊNCIO.

 

 

 

09-12-2010

GURI

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De: Samara

 


Caminha com dificuldade, apoiando-se nas cadeiras, no balcão, até chegar onde estavam os copos.
Apanhou um e ficou a observar o reflexo que a luz causava no vidro. Virou o copo de um lado, de outro
e seus dedos frágeis deixaram-no cair no chão, onde se espatifou. Ouvindo o barulho a empregada
veio correndo, tu já quebrando copo, peste, pegou Janito pelo braço e lhe deu varias palmadas com
força em diversas partes do corpo. O menino pôs-se a chorar e recolheu-se para o seu lugar favorito
_ um canto da sala. Era o seu refúgio, esse cantinho. Ia para ali sempre que alguma coisa grave lhe
acontecia. Gostava se sentir uma parede de cada lado, encostada em seu corpo. Pegou o travesseiro
de cheirar sentou no soalho e ficou observando a empregada na cozinha. Gostava de observar as
pessoas. Ela aparecia e desaparecia através da porta. Depois soluçando baixinho, tentou pronunciar uma
as poucas palavras que sabia: mama... mama... agarrando o travesseirinho, cheirando-o, ajeitando-se
no cantinho. Já havia aprendido a dizer tata. Ela quase não o deixava fazer nada:

tirar uma cadeira do

lugar, puxar um guardanapo de cima da mesa, brincar com as panelas. Ainda o obrigava a ficar sentado
no penico, tempo, tempo, até fazer

cocô _ mesmo que não tivesse vontade. E não podia levantar, era
muito perigoso, pois se levantasse o Papai Noel viria pegá-lo à noite. E todos diziam que era dengo
quando chorava quando tinha que ficar sozinho na hora de dormir. Tinha medo da tatá, sim, mas não
lhe queria mal. À tardinha ela lhe dava banho, colocava uma roupa limpa e Janito e a casa, bonitinhos,
arrumadinhos, recebiam a mãe que trabalhava fora, lecionava, tinha quarenta e quatro horas

Videopoema/Monólogo

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

 

 

Videoart “Monologo”

De João Leno Lima

Re_Trato

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

 

 

 

Nem tão profundamente

Nem tão efêmera

Esferas gigantes sobre os corpos

Longas diálogos paridos de

Madrugadas.

Rasos espasmos

Súbitas entrecortações.

Descanso...

 

A alma humana inquieta-me.

Suas longas caldas pesadas.

As obrigações diárias da comunhão.

O olhar que fascina e agride.

a boca que sussurra e despedaça.

Funesta biblioteca de olhares.

meu deus!!!!!!!!!!! Seres humanos

são a constatação de um caos

Múltiplo, invarialmente vasto,

Suas longas pernas levam ao seu

próprio abismo, suas asas se quebram de encontra a

outras asas, e quem ousa discordar?

poeta?

 

assumo!

um congresso de formigamentos

transcendentais leva-me a escrever!

mas poderia levar-me a fugir rumo ao

Trem oculto que passa pelo meu

cérebro, mas poderia me lançar rumo a

uma estaca de sensações horrendas e

risível.

 

Mas nao, como que empalhado pelo meu

próprio delírio, trasncrido-me e

vomito silêncios na rua Julio cordeiro até a Bezerra Falcão e lá

entro numa vala varando as

madrugadas ao mesmo tempo que estou

desacordado num cama vazia feita de confim.

As relações humanas tem qualquer coisa de esquizofrênica,

Os conflitos como guerras frias onde a

bomba está na ausencia visceral da

verdade, espaços conquistados e

reconquistados diariariamente,

Invasão de combois subestimadores

planejam ocupar aquilo que parece

inerte e sem vida.

 

Apavora-me as conclusões mais

extremas que a alma humana é uma cão

salivando selvageria canibalesca de

desejos mundanos e sexuais

interplanetarios, fusao de quebras

de braços e abraços sensiveis.

 

ah

alma humana! ah minha alma!

devo calar-me e continua a me ouvir

aqui, num fosso,tunel-trilho,corredor-rua,

buraco-passagem pode debaixo da rua,

por cima da caixa d água, dentro da

praça, atrás de igreja, varando os

Livros da biblioteca, o cu dos

Travestis espalhados para receber

amor na Fernando Guilhon, as saias

das nifetas sedentas pela engravidez

invisivel, os dreads dos malucos

bebados e a bíblia dos protestantes

de si mesmos, os colégios

Analfabetos de espiritualidade e as

Ruas-lamas na porta de casa, os

Teatros transformados em circos

engravadatados e os cemitérios mais

numerosos que os burburinhos

funebros das segundas feiras!

meu deus..a alma humana é capaz de

salvar um pássaro em vez de si mesmo

ao mesmo tempo que é capaz de

aprisioná-lo com retoques de

crueldade poética típica das

crianças,

 

deixa-me ir poema!

quero apenas terminar esses versos

maldosos e ilegíveis com a certeza

que ao terminá-lo tudo voltará a ser

a eterna procura pelo verdadeiro

sentido da alma humana.

 

 

 

 

 

João Leno Lima

06-12-2010

REFLEXÃO SOBRE O MOVIMENTO ALTERNATIVO DE MARITUBA

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Muro onde acontece a ação.

 

 

 

Marituba ao longo dos anos produziu e mostrou em seus seios que tem vocação para artes e para a vanguarda na chamada “região metropolitana”. Suas bandas, seus grafiteiros, poetas, tem na capital e até fora dela um respaldo histórico que merece respeito. Justamente desse aglomerado que insiste em ser disperso mas que detém uma riqueza de pensamentos e postura nasce o Movimento Alternativo de Marituba. Mas o que é o Movimento Alternativo de Marituba? E, sobretudo, quais suas ações de fato pela cidade, quais seus projetos e são alternativos a que?

 

Não poderia responder tais questionamentos, mas poderia dizer que a cidade merece e precisa de movimentos assim, mas não como apenas uma nomenclatura e sim com fatos que se não mudam a vida das pessoas, pelo menos interfiram na sua rotina cotidiana.

 

Nos últimos anos, o MURO, da caixa d água na praça da matriz se tornou um símbolo desse alternativismo centralizado na figura do artista. O que significa o artista? Será ele mais importante que sua obra no âmbito da arte? Minha resposta é NÃO.

 

Para se poder trazer noção a luz da arte contemporânea, evidenciamos dezenas de movimentos, coletivos, grupos, performms, grupos ativistas, grupos espalhados pela grande rede e pelos arredores das cidades resistindo a tentação de ser artista e sim ser antes de tudo pessoas que dialogam com sua própria realidade. Diversas linhas dispostas ao desequilíbrio. A Arte de rua ganhou seu papel de destaque, sobretudo em países de terceiro mundo mão não só eles, vide o Culture Jammers no Canadá e os grupos de boicote como Yamango em paris e Hcktvismo como o Microfobia em Curitiba.

A reflexão toma o seu direcionamento essencial: Qual o papel que o Movimento Alternativo de Marituba desempenha para as pessoas da cidade que não seja o de promover uma “festa” anual na praça central para mostrar que os artistas existem? Existem onde? Para si mesmos?.

 

Clichês centrais devem ser expostos: Ego é um deles. Ou se coloca o orgulho e os narcisismos intelectuais bem de lado e se trabalha com cooperação e colobaração entre todos os artistas (ok não necessariamente todos mas aqueles que querem andar pra frente) e se traça planos de ações, organizações para oficinas, exposições, interferências que realmente tenham e mereçam alguma atenção daquelas pessoas que pouco estão interessadas na “arte” ou se espera o amadurecimento de uma nova geração disposta a romper com os paradigmas e que queria se organizar para desorganizar a máquina da alienação em todas as suas esferas.

 

Há de se esperar mais quanto tempo?

 

Enquanto a Movimento Alternativo de Marituba, continuar, se levando a sério demais e não fazer uma reflexão sobre quais as verdadeiras razões do movimento, o que veremos é mais um ano se passando, a cidade tomada por drogas diversas e cultura de pão & circo na praça e artistas saindo por seus poros (porque a arte gosta desse sujeira e desse caos) mas ficando ali, restritos, como movimento. Se por acaso se branda aos quatro cantos que somos alternativos e fazemos resistência ao estado de coisas que querem nos engolir, ao ficarmos na inércia da não-ação e apoiados em nossos próprios umbigos “artísticos’’ seremos tão ou mais alienadores e alienados que aquelas pelo qual queremos ser a alternativa.

 

Arte que encontre o seu lugar.

 

 

 

 

Por: João Leno Lima

03/12/2010

Ao passo que avanço…

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

 

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Ao passo que avanço,
vao me restando poucas palavras.
Momentaneo como algum vento disperso arranhando o rosto.
Ao passo que avanço,
o tudo torna-se desnecessario e o nada,

o verdadeiro ambiente da página de existir

onde rabiscamos a nós mesmo com sangue verbal.
Ao passo que avanço,
engravido um redemoinho de sentimentos

e sulgo um combio de alimentos vindos do sol.
Sou a criança que avança um corredor escuro procurando

a origem de uma canção distante.
A caixinha da procura me é mais interessante,

nao sou desse mundo mas ninguém o é.

Planejo nos próximos segundos terminar esse poema mas...

o que será de mim depois?

ser poeta, ao passo que avanço,

é procurar sempre pelo próximo verso

em todas as direções.

 

 

 

João Leno Lima