ARTE & FATO

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

imprensa

Por: João Leno Lima

O fato é que dentro de um contexto globalizante a arte se diluiu como um elemento contemplativo frente as faces do capital e sua razão transpassa a lógica mas poucos sabem qual seu papel e sua posição perante o estado de coisas do mundo pós-século XX. A sombra do mercado e o soterramento de informação criaram uma espécie de vasto campo que mais parece um longo deserto-cratera no coração da sociedade atual. Fixar um ponto na arte como se fossemos fixar uma bandeira de individualização realista ou pós-realista funde-se numa suprema ilusão, talvez até maior que as inspirações da arte conceitual.

O artista caiu num abismo e se espatifou e grudou seus artefatos em teias mercadológicas e linearidade que se choca com uma porta elementar: Liberdade. Se a arte atual virou-se contra seu próprio ponto de referencia e se fixou num caldeirão mexido pelas mãos das prateleiras, com pitadas de tecnologia e vanguardismos diversos, o artista virou refém não de suas próprias ambições e sim da maquete “materializada” do trabalho onde o dinheiro pode levar.

Esse impasse transformou a arte fins do século XX e XXI num apanhado de fragmentações gritantes entre si, mas quem são esses artistas? Há realmente espaço para a livre criação ou tudo se resume ao espaço dada como PROVA meterial de sucesso e “bem sucedida” arte? O ponto chave da discussão sobre os passos da arte ou “pós-arte” é a sua fundamentação avessa a qualquer ponto revolucionário. Tanto cinema como livros e música ganharam um caráter de efemeridade que transformou em muitos casos (vide o cinema) em marca e expressão de uma desilusão desestruturante que o leva a patamares lastimantes como produto.

Com a velocidade que as informações tomam conta dos noticiários em uma mídia cada vez mais negativista, imediatista, banalista e falseadora, a internet assume um posto de trincheira em diversos campos e com ela podemos sobrevoar muito do que acontece hoje pelo mundo das artes. Mas, o mundo respira mais arte ou apenas CONSOME mais arte?. O rótulo de “genial” e “artista” nunca foi tão impregnado com tanta convicção, ao mesmo tempo em que, com tão pouco critério, a verdade é que se fabrica um gênio a cada semana e um artista em cada momento. O que a filosofia da arte tem a dizer sobre isso? Nada.

A impressão (apenas impressão) é que há mais artistas hoje em dia do que em outras épocas, mas em contrapartida, há tão poucos dispostos ao confronto com a deformidade lúcida que a sociedade do capital se tornou. As delimitações parecem ser invisíveis, mas se sabe que sem as regras ditadas pelo lucro e o trabalho “forçado” força a arte em esferas globais a ser mais apenas um elemento de “bem estar” ou “entreterimento” e em muitos casos, apenas para o próprio artista. O artista se conformou em trocar suas ferramentas do pensamento pelas ferramentas do lucro e da sobrevivência pós inspiração e aceitou isso como parte essencial da sua humanidade ou na hipotese mais desesperadora, da sua própria sobrevivência.

Ou a arte assume um caráter, uma posição de posicionamento – como uma alternativa vivencialista e autônoma – que seja parte da sociedade em que existe sem apenas ser um subproduto intelectual (sobretudo em paises do terceiro mundo) ou continuará refém de ter seu destino nos baús das gavetas do mercado após vim a ser celebrada (em algum momento ou segundo) como um sorriso de artista para artista e um longínquo esquecimento onde se agurdará a próxima “arte” que ira alimentar o imediatista mundo em que vivemos.

 

 

Postado também em> mundoutopico1

INFORMATIVO: CONVOCAÇÃO

terça-feira, 23 de novembro de 2010

caricatura-drummondiana

S/Título

ml

 

 

Amo o cheiro das ilusões.

como um bálsamo feito de panos úmidos cobrindo

os olhos mas nem por isso deixamos de enxergar.

É como andar dentro do abismo

e sentir os lábios frios do medo.

ah... amo o cheiro das ilusões.

Acreditamos no que não nos parece exatos

e os calafrios das incertezas passa a ser a certeza

que podamos pela manhã.

A metamorfose das ilusões é

capaz de brotar em nós

ciclones que bagunçam a tola

normalidade do dia.

Por alguns instantes não

observamos as pedras no

caminho que na verdade se

revelam espelhos onde as

células-vidraças se diluíram

nas taças da hora que corre.

Sim, amo o cheiro das ilusões.

Poetas riem e loucos debatem-se com cigarros-poemas

cheio de colicas.

Não há meio termo

dentro da poesia mas

sentiremos suas garras em

momentos diferentes.

Assim é a ilusão.

nascimento do que

foi desejado.

tragédia desacontecida, ilhas de aço

nas longínquas memórias,

Promessas de para quedas e

e seguros pisos que não estremecem.

A ilusão causa mais estrago

que a colisão de um cometa

sobre a superfície.

Flores deixam de brotar em solos

antes verdejantes e crianças

desviam do caminhos antes

prezeroso, o olhar pesa mas

não se petrifica e as mãos

passam a dormir no relento

como orfãs dos raios do sol.

Amo o cheiro das ilusões.

Seu balaio e sedutor

percurso que trasforma os

poros em portais-precipicios

e os sentidos; um viajante

que resolveu seguir os

pássaros que acabavam de aprender a voar;abrindo mão

das pegadas que o garatiam a volta para casa.

Rastro de encontro nunca acontecido.

Rastro de vendaval na palma da Mao.

Rastro de percurso pela metade do esboço de ser lugar algum

Rastro de sorriso rabiscado no lápis.

Rastro de razão cheia de paredes.

Rastro materno de preservação interior.

Rastro de contos infantis e inquietação juvenil com estrelas úmidas debaixo da cama do olhar.

saio do poema seguindo a mão oculta que guia até as extremidades...

o mundo grita do outro lado da rua

 

 

"acorda!!! poeta!"

 

ah...amo o cheiro das ilusões.

 

 

 

João Leno Lima

Set/2010

NOTAS SOBRE A AÇÃO DO DIA 21.

DSC00379

PLANO SEQUÊNCIA DA VIDA REAL.

 

 

No dia 21 de Novembro, o grupo POEMA (Poetas de Marituba) se reuniu para mais uma ação na cidade de Marituba. Dessa vez na praça da “Colônia” numa tarde de Domingo.

Algumas reuniões foram travadas e traçamos um plano de ação que pudesse dialogar com a comunidade que freqüenta aquela praça. Cada poeta tinha em mente a aproximação com o leitor, subvertendo a lógica dos saturados varais de poesia e estreitando os laços com uma arte de cunho, “sociável”.

 

A verdade é que a ação se deu na presença de dois poetas num verdadeiro plano seqüência. Se no cinema o plano seqüência é uma das formas mais sublimes de trabalhar a poesia das imagens, na vida real torna-se ainda mais encantador.

 

Saímos na rua da Colônia, distribuindo um folder (fragmento invisível) e um arte Xerox (Neurodesobediencia) e poemas escolhidos a dedo para intervir na lógica cotidiana. Começamos tímidos pela praça em dispersos e comedidas panfletagem que logo se transformaram numa voraz sensação de sublimação com as pessoas.

 

Interceptamos aquelas que por ventura sentimos no coração que deveriam ser abduzidas por nossos versos. Ouvimos sorrisos agradecidos e olhares surpreendentes, enquanto caminhávamos nos empolgavamos com a certeza que a poesia não está morta, basta apenas lhe oferecer a mão e ela sairá da escuridão da gaveta ao rumo das alma das pessoas que necessitam dela para viver, digo, TODAS.

 

Outras ações ainda serão realizadas em outras praças e outras linguagens de intervenção surgirão, assim como a efetiva participação dos poetas, mas no dia 21 de Novembro, o Grupo de Poetas de Marituba, cumpriu sua meta de descentralização (outras ainda ficaram pendentes) e mesmo debilitado com a ausências de seus membros insubstituíveis, superou todas as formas de desanimo e saiu com a certeza que havia feito alguma diferença com suas ações na vida de algumas pessoas.

 

 

 

 

Poema

23-11-2010

O fruto caído do espírito

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Nosso uivo te acorda no meio da madrugada, vem das profundezas do nada para interferir nas atividades das células do destino. Caro leitor, que esse espírito não se propague em vós como essa idéia maculada da violência branca que faz cair folhas humanas pela cidade que se escondendo de medo não sabe mais o que fazer pra não deixar de ser jamais. O sol imortal desse comunicado toca as copas das árvores de todo alto pensamento, libertando a misericórdia que não é como a alcatéia faminta de sentimento e razão que vive em guerra, preconceito, exploração, pobreza, negação dos direitos humanos, desastre ambiental que move riquezas perecíveis para o estômago verminoso e corrupto da humanidade. Pobres miseráveis ainda não entendem ou se negam entender o verdadeiro caminho pra felicidade, para a eternidade, o verdadeiro espírito da coisa, e isso lhes causa morte e até a maior morte, que é a morte viva. E o sistema cruel ordena-lhe que vá depressa, correndo, de preferência mais rápido, e mais, e mais, ele não tá nem aí se sentes cansaço, fome, amor, vazio... Eu te amaldiçôo com meu uivo, inteligência monstruosa e infeliz que nos deseja de corpo e alma e nos faz desacreditar em nossas vidas demasiadamente curtas pra quem vive desalmado.

Mas resistimos! E cada momento pode ter sua especial longevidade e plenitude de sentidos e basta atentar para os detalhes do novo mundo possível que às vezes nos passa despercebido (Aprendamos com as crianças tendo elas por nossas mestras)

Caro leitor, lhe convido a ir além do nascimento e da morte, vivendo com chamas vossos momentos, amando-os, agradecendo-os, os guardando como a um reino transcendental sobre o reino do mal, acordando para vida, injetando boas lembranças nas veias do cotidiano, se dando a chance de crescer e dar frutos como obra essencial para o desenvolvimento urbano, humano, animal, mental.

Aqui em Marituba, onde vemos flutuar diante da gente tantos descasos, tanta violência, jovens morrendo, famílias inteiras atoladas no lamaçal da ignorância política. Odores de secretarias sucateadas. Iniciativas de projetos sufocadas. Cenário cultural fatalmente centralizado no piercing do umbigo da cidade drogada. Filhos malcriados com a mãe natureza. Esgotos a céu aberto temendo uma rebelião de lixos. Nossos igarapés falecidos.

Eu escuto uma voz vinda do coração dos seres do progresso do mundo. É a evolução cósmica! A progressão dos mundos! Façamos já outra terra regenerando essa que é casada com nossos pés.  A juventude insurge dos subterrâneos para adentrar as entranhas da luz numa existência primordial e intacta de possibilidades no intimo indestrutível de nossos sonhos que são chuvas de idéias vindo em direção a cidade para salvar a alma dos que não acreditam mais na vitória da UNIÃO sobre a SEPARAÇÃO!                                                                                                                                      

                                                                                                           Antonio Marcelo

Ode ao "EU"

No último dia 09 do mês de Outubro de 2010 o grupo POEMA (Poetas de Marituba) cometeu um ato histótico e fundamental. Mas e aí?.
A formatação de sua primeira antologia como grupo (e segunda em se tratando de poetas da cidade) foi fruto de um esforço e dedicação suprema de alguns dos seus poetas.
A colaboração de onze poetas ( nem a metade dos que existem na cidade) mas mais da metade do que conhecemos que escrevem prova que Marituba tem vocação pras artes (sobretudo marginais) e não se cala para falta de infra estrutura ou incentivo por partes de quem poderia ser parceiro. Há de se chegar lá.
Se o Grupo conseguiu se superar e entregar uma bela antológica (rica pela diversidade de estilos entre os poetas) ainda precisa mostrar que pode seguir como bandeira da vanguarda na cidade e expandir suas ações para um foco ainda maior no diálogo com lugar do qual representa.
Dois clichês precisam ser superados para isso. O Centralismo em ações sempre com a mesma lógica fechada (arte para artistas) sempre na fadada (fundamental logicamente) praça da Matriz e em casas de amigos. E também a divisão interna que historicamente racha o grupo e não se produz mais nada.
Admistratar o ego entre artistas é uma arte por si só.
Talvez a melhor maneira de trabalhar isso é o próprio artistas entender qual a razão da haver um grupo e suas aspirações. O equilibrio entre a sabedoria de pensar na razão existencial do grupo e a inteligência de organizar esse grupo sem qualquer negatividade, embate ou nercicismo é essencial para sua perpetuação ( mesmo que historicamente grupos assim não sobrevivam por tantos séculos).
O grupo poema nasceu com um fundamental anseio supremo. A integração entre os poetas. Conseguindo saciar suas razões de existir, o grupo precisa mostrar que não se resume ao aglomerado de poetas se auto proclamando (ou auto declamando) e ser sem soma de dúvida relevante como interventor e causador (como grupo) de conversações e alterações na lógica cotidiana da cidade.
O Poema têm uma grande responsabilidade. Continuar sendo o farol para artistas de uma cidade onde o desequilibrio e o ego soterram muitos dos talentos e visionarismos existentes. Agindo como uma mão puxando esses (escurecidos por si mesmos) artistas e joga-los na luz (a antologia é a prova disso) do olhares que estão de fora (?) mas que são absolutamente o foco e para onde nossas setas miram é um sina de deve ser invulnerável. Ou será só fazemos poemas para aqueles que julgamos "escolidos" ?
O Diálogo com o mundo (até mesmo para o mais excentrico poeta) é sempre sua razão (mesmo que secundária) e o nacimento de um GRUPO DE POETAS  de Marituba reune exatamente esse sonho em forma de ATO. Onde o EU deve dar lugar ao NÓS.
João Leno Lima
26-10-2010

INFORMATIVO !

 

 

Marituba, 10 de Outubro de 2010

 

Aconteceu no dia nove de Outubro de 2010 na casa do poeta Frank Lauro o lançamento do 2º livreto do grupo POEMA (poetas de Maritba) com 22 obras de 11 autores intitulado “Frutos Colhidos com Mãos de Chuva”, a iniciativa teve como intenção reunir alguns poetas que fazem parte da cena artística de Marituba, além de compor esta antologia os poetas foram convidados a fazerem parte do grupo.

 

O livreto foi produzido artesanalmente e teve a participação de onze escritores com 2 textos de cada, um prefácio com o histórico do grupo e a capa que foi feita pelos próprios integrantes.

No lançamento estavam presentes nove dos onze participantes onde estes puderam dialogar com os convidados e mostrar um pouco do seu trabalho.

 

O grupo POEMA conta atualmente com cinco integrantes: Antonio Marcelo, Augusto Poeta, Frank Lauro, Diego Rocha e Leno Lima, foram estes os responsáveis pela organização e confecção do livreto. Dizem os integrantes este ter sido o primeiro passo e o mais importante dentro do grupo, já que esta ação é um dos pontos que solidificam a existência e a maturação do grupo que aos poucos busca ter o seu espaço no município.

 

Os planos futuros para o grupo POEMA é conseguir dinamizar e estabelecer contato com outras localidades dentro e fora do município e é claro divulgar o trabalho destes escritores que há muito ficou esquecido e que agora dá sinais de uma consolidação de resistência aos meios massificadores de cultura.

 

Diego Rocha